Educação na internet: blogs científicos no ensino superior

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O blog está em passos lentos por causa da sobrecarga que as muitas atividades que um docente universitário precisa desempenhar entre: ensino (em sala e orientação de alunos) pesquisa, extensão e funções administrativas. Esse tema já foi bem descrito em outro blog, e alguns aspectos bastante discutidos no blog Discutindo Ecologia, principalmente na relação professor e orientandos. Embora esse assunto, na minha opinião, não esteja devidamente esgotado, não é o foco central desse texto, mas sim o uso de blogs científicos em técnicas de ensino. Um artigo recente mostrou que os blogs científicos são importantes fontes de informação atualizada para estudantes de nível médio e que auxiliam no aprendizado de ciências por serem mais didáticos, trabalhando com imagens e vídeos, além de linguagem mais acessível e corriqueira. A melhor conclusão que posso chegar é que um bom professor pode utilizar a internet e os smartphones, que muitas vezes atrapalham suas aulas expositivas, como aliados do aprendizado.

celular em aula

Dois exemplos do celular em aula. Do lado esquerdo, o celular que atrapalha. Do lado direito, o celular que auxilia (Fontes na ordem: http://olhardigital.uol.com.br/uploads/acervo_imagens/2014/10/20141022221336_660_420.jpg; (Fonte: http://www.fotos-imagens.net/wp-content/uploads/2011/11/Sala-de-aula-aluno.gif)

Em outras culturas, como a cultura canadense, o ensino ganha um ar mais de pesquisa e “conquista” dos conteúdos pelos alunos, do que transmissão dos conteúdos, como acontece frequentemente no Brasil. O ensino nas escolas no Brasil normalmente tem um formato ultrapassado. O professor projeta slides e fala sobre eles. Na minha época de escola era quadro negro e giz mesmo, mas deixa pra lá.  A realidade nas universidades não é muito diferente. Apesar das universidades públicas serem as principais instituições de pesquisa no Brasil, muitas vezes o ensino universitário segue o mesmo modelo escolar. Talvez pelo costume dos alunos, talvez por falta de formação em ensino pelos professores, talvez por desatualização em alguns casos. A desatualização é um problema ainda maior na era da internet (estou até falando dos blogs científicos como fonte rápida de informação aos alunos), o que até gera descrédito para os professores que não se atualizam. Ainda, professores universitários são cientistas por formação na sua grande maioria, não docentes. Um contrassenso aparente! Para melhor esclarecimentos sobre as funções docentes, leia este post aqui.

Entendeu?

E ai, entendeu? O velho quadro negro: pode ser confuso e antididático (fonte da esquerda para direita: http://3.bp.blogspot.com/-eVY_VVkd8vg/ToFUxyBV9WI/AAAAAAAABUI/YqARZr4r5Oc/s320/Einstein.gif; http://www.aterceiranoite.org/2010/09/05/quadro-negro/)

A UFRN tem atuação pioneira no Brasil na formação de docentes de nível superior através de duas ações principais: (A) cursos de ambientação e um pouco de formação para docentes recém-contratados e (B) com o programa REUNI (Reestruturação e expansão das universidades). Neste último, alunos de pós-graduação da UFRN são capacitados e treinados para a docência superior, com vistas ao ensino de conhecimentos de vanguarda e, principalmente, com base em ensino participativo, no qual os alunos são envolvidos na descoberta do conhecimento.

A exemplo das escolas, conforme mencionado no blog que citei acima, tenho adotado nas minhas aulas na pós-graudação e na graduação o uso da internet e de blog científico. Entretanto, como na universidade estamos trabalhando com conceitos em formação, a minha proposta é usar blogs científicos para publicar e divulgar discussões interessantes e atualizadas realizadas entre os alunos dos cursos (de pós e de graduação). Então, nossos alunos aprendem a comunicar assuntos atuais para um público mais geral e contribuem para a atualização e manutenção de blogs científicos, que são importantes fontes de informação para as escolas. Dois desses textos estão publicados aqui no blog, que foram fruto de um curso de pós-graduação de Limnologia (Ecologia Aquática) realizado em 2014. O primeiro texto apresenta conceitos básicos sobre o ciclo do carbono e o segundo faz  uma brincadeira de reflexão sobre as funções de lagos e rios para o carbono do Planeta. Posso dizer que a experiência foi um sucesso! Os alunos ficaram muito satisfeitos com a experiência, ao mesmo tempo que tiveram suas idéias divulgadas na internet.

Agora, inauguro mais uma rodada de textos produzidos por alunos de pós-graduação (PPG Ecologia-UFRN) durante o curso de Ecologia de Ecossistemas. Esses textos foram produzidos com a colaboração e participação ativa dos Professores Adriano Caliman (Depto. de Ecologia-UFRN) e Renata Panosso (Depto. de Microbiologia e Parasitologia-UFRN), a quem agradeço muito pelo empenho. Então, nas próximas semanas serão publicados textos sobre biodiversidade e as funções dos ambientes e sobre a poluição aquática e invasão de espécies exóticas. Aguardem, leiam e compartilhem!

Por: André M. Amado (PPG Ecologia UFRN)

Links interessantes:

http://noticias.universia.com.br/vida-universitaria/noticia/2014/05/05/1096004/professor-aprenda-usar-recursos-multimidia-aulas.html

http://olhardigital.uol.com.br/noticia/unesco-defende-uso-de-celular-na-sala-de-aula/44903

https://marcoarmello.wordpress.com/2015/02/12/professor/

Fonte da Imagem destacada:

https://worldevolution.wordpress.com/2009/11/12/a-redacao-de-joaozinho

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3 Respostas to “Educação na internet: blogs científicos no ensino superior”

  1. haigthey Says:

    Essa questão da formação de professores para o ensino superior é realmente crítica! As pós-graduações de maneira geral (por uma série de razões, mas enfim, isto é outra discussão…) privilegiam o pensamento produtivista voltado para a publicação e pesquisa e esquecem que um de seus papéis mais importantes é o de formar futuros educadores, os quais têm que aprender o ofício “na marra” e ficam muitas vezes presos aos velhos moldes da educação que tiveram. Acredito que uma forma de resolver este problema poderia ser a oferta de disciplinas ou cursos de capacitação em educação ainda na pós-graduação para os que querem seguir carreira ou, a exemplo da UFRN, para os ingressantes nas instituições de ensino superior.

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    • André Amado Says:

      Realmente essa desconexão entre a formação de um pesquisador (doutorado) e a formação de um professor para o nível superior de ensino tem diversas consequências, e muitas negativas. Por exemplo, normalmente nos concursos, as universidades selecionam um pesquisador para contratação porque ele conhece abem a área de atuação, é muito produtivo e deu uma boa aula. Quando esse pesquisador vira professor, ele passa a dar muitas aulas (normalmente) o que reduz seu tempo de pesquisa (aquilo que ele era muito bom em fazer), que foi aquilo que o fez ser contratado. É certo que ele foi bem na aula, mas foi uma aula, em condições extremamente diferentes das condições reais de sala de aula. Assim, sua produtividade cai, ou a aula não fica tão boa… Parece um ciclo vicioso. Esse papo vai longe, mas valeu você ter chamado a atenção.

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  2. Maiara Menezes Says:

    Conquistar o aluno para garantir o aprendizado pode ser uma experiência extraclasse. Os blogs científicos são uma boa alternativa para uma iniciativa de estudo mais atual e dinâmico. Eu como aluna aprovo essa iniciativa.

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